ATUAÇÃO SOCIAL DA IGREJA

Gostaria dever as igrejas com mais presença no campo do social, porém, não podemos negar que a igreja protestante no Brasil tem uma grande dívida para com a sociedade. Temos no Brasil diversos grupos protestantes que são detentores de um alto poder econômico, todavia, muito pouco desses recursos são investidos em obras sociais de notoriedade. Isso acontece porque existe uma preocupação transparente entre a maioria das denominações e ministérios nesse pais, a qual se traduz numa competição entre as grandes igrejas evangélicas que buscam tão somente a glorificação dos seus próprios sistemas, por meio de construções exuberantes, a conquista do status político com a eleição de candidatos que possam arvorar a bandeira da denominação e também uma corrida desenfreada pela apropriação dos espaços midiáticos, isto é, a compra de estações de rádios, canais de televisão, poderosos sites na internet que sejam eficazes na promoção denominacional e também a própria imagem das lideranças principais. As vultuosas somas de capital investidas nessas áreas parece desvanecer as motivações para os investimentos na área social. Talvez, porque o trabalho social não proporcione tanto reconhecimento e a visibilidade que a maioria está procurando. Algumas grandes igrejas mantém alguns trabalhos medíocres que usam como pretexto para apresentar como justificativa de que realmente desenvolvem uma obra social. Na verdade o que existe mesmo é um discurso por demais hipócrita que exige que cada cristão pratique solidariedade para com os necessitados, quando muitos líderes vivem como verdadeiros "marajás do evangelho" agindo de uma maneira a demonstrar que não tem a mínima preocupação com as necessidades de quem quer que seja. A maioria das igrejas evangélicas não só têm uma ação social muito pálida, como também não ajudam algumas instituições para-eclesiásticas que atuam na área social, tais como hospitais, casas de recuperação de drogados, assistência a menores abandonados e assim por diante. A maioria dessas instituições sobrevivem mais de ofertas oriundas de das pessoas de uma forma geral do que de ajuda de igrejas. Apesar da abordagem negativa, não estou afirmando que não existam igrejas e pessoas no meio evangélico que não estejam preocupados com o social, o que estou dizendo é que tais ações estão longe de traduzir o potencial da igreja evangélica no Brasil para a obra social. As chamadas ONGS parecem ser muito mais eficazes do que a igreja evangélica no tocante a obra social. Houve épocas em que muitas lideranças negligenciavam a obra social porque achavam que o trabalho exclusivo da igreja era apenas cuidar das almas dos homens, pensavam que a única coisa que importava para as pessoas era "o pão espiritual" pois só desse pão deveria o homem viver. Por outro lado, na atualidade poucos ainda preservam essa mentalidade, teóricamente todos têm conhecimento da obrigação social da igreja, pois tal ensino é patente em toda a bíblia, a qual recomenda em diversas passagens sobre as atenções e cuidados para com os necessitados, todavia, as ambições pessoais têm mudado o foco da igreja, canalizando os seus esforços para outras prioridades. A BASE BÍBLICA PARA A RESPONSABILIDADE SOCIAL A partir do livro de Gênesis já encontramos algumas referências sobre a responsabilidade social. Ao criar a mulher Deus estabeleceu responsabilidades que homem e mulher teriam um para com o outro. E posteriormente quando Caim matou Abel, Deus veio a Caim e lhe perguntou: "Caim onde está o teu irmão ? Porém, Caim quis esquivar-se de sua responsabilidade, e por isso disse para Deus "Sou eu porventura o guardador de meu irmão?". Deus estava cobrando de Caim o bem estar de Abel, exatamente pelo fato de que ele era responsável pelo bem estar do irmão. A situação não mudou muito, tem muita gente se negando em cumprir a sua missão social, porém, Deus estará sempre a nos perguntar "Onde está o teu irmão? ou como está o teu irmão?. Ele espera da sua igreja uma resposta coerente com o Amor Dele que foi revelado na Cruz de Cristo. Sobre este aspecto quero compartilhar o belo texto de John Stott sobre responsabilidade social. Qual é, então, a base bíblica para responsabilidade social? Porque devem os cristãos se envolver? No final das contas, existem apenas duas atitudes que eles podem adotar com relação ao mundo. Uma é a fuga, outra o engajamento. "Fugir" significa voltar as costas ao mundo em rejeição, lavar as mãos das coisas do mundo (mesmo sabendo como Pôncios Pilatos , que nem assim desaparece a responsabilidade), e endurecer o coração aos agonizantes gritos de socorro. "Engajar-se", por outro lado, significa voltar o rosto para o mundo em compaixão, sujar as mãos, sofrer e gastar-se a serviço deste e sentir no fundo do ser o comovente e incontido amor de Deus. Entre nós, os evangélicos, são muitos que se comportam como fujões irresponsáveis. Viver dentro da igreja em comunhão uns com os outros é mais conveniente do que servir em um ambiente externo apático ou mesmo hostil. Naturalmente, vez por outra fazemos investidas no território inimigo através de campanhas evangelísticas (aliás, como evangélicos somos especialistas nisso). Depois, contudo, nos recolhemos de novo, e após cruzarmos o fosso do nosso castelo cristão (segurança da nossa própria comunhão evangélica), suspendemos a ponte levadiça e até fechamos os ouvidos aos gritos daqueles que esmurram nosso portão. Quanto às obras sociais, nossa tendência é dizer que isto é perda de tempo, já que o Senhor vai voltar logo. Afinal de contas, se a casa está em chamas, para que pendurar cortinas novas e dar uma ajeitada nos móveis? O que importa é salvar o que está perecendo. Dessa forma tentamos salvar nossa consciência com uma teologia espúria. Ao invés de tentarmos fugir à nossa responsabilidade social precisamos abrir os ouvidos e escutar a voz Daquele que conclama seu povo em todo tempo a sair (assim como Ele o fez) para o mundo perdido e solitário a fim de viver e amar, testificar e servir, como Ele e por Ele. Pois isto, sim, é "missão". Missão é a nossa resposta humana à divina comissão . É todo um estilo de vida cristão, que tanto inclui evangelismo quanto responsabilidade social, sob a convicção de que Cristo nos envia ao mundo assim como o Pai a Ele o enviou, e que é para o mundo, portanto, que devemos ir, para viver e trabalhar para Ele. Ainda assim, no entanto, resta-nos a questão: "Por que?" Por que deveria o cristão envolver-se com o mundo e seus problemas? Em resposta, proponho que examinemos as grandes doutrinas da bíblia, nas quais todos já cremos em teoria, mas tendemos a podar e retocar a fim de adaptá-las à nossa teologia escapista. Meu apelo é no sentido de que tenhamos coragem suficiente para conservar a integridade bíblica dessas doutrinas. Qualquer uma delas já bastaria para nos convencer da nossa responsabilidade social cristã; pois tais doutrinas juntas nos deixam sem qualquer desculpa.". A responsabilidade não é meramente proteger vidas inocentes: também inclui fazer o bem positivo em prol dos outros. Segundo Jesus, e o ensino do Antigo Testamento também que o homem é responsável por amar seu próximo como a si mesmo. Jesus disse que o amor é a essência da lei moral (Mt 22.39). Até mesmo disse que a totalidade da moralidade do Antigo Testamento podia ser reduzida à regra Áurea (Mt 7.12). Exemplos específicos daquilo que significa amar os outros não faltam nem na vida nem nos ensinos de Cristo. As curas que Jesus fez dos mancos, dos leprosos e dos cegos, ilustram Sua própria solicitude, e sua história acerca do Bom Samaritano demonstra o amor que todos os homens devem ter com os outros (lc 10.30ss). As Epístolas de Novo Testamento abundam de exortações para os cristãos cuidarem uns dos outros e dos de fora. Paulo escreveu: "Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros" (Fp 2.4). Outra vez: "Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprires a lei de Cristo" (Gl 6.2; 10). A Primeira Epístola de João é muito explícita no que diz respeito à responsabilidade do cristão no sentido de amar aos outros. (I Jo 3.17-18), como o é também a de Tiago (1.27). Em síntese, o homem é moralmente responsável pelos demais homens. Ele é o guardião do seu irmão. PRECISAMOS DE UMA VISÃO HOLÍSTICA DO "SER" A palavra hólos veio do grego e significa inteiro; composto. Segundo o dicionário, holismo é a tendência a sintetizar unidades em totalidades, que se supõe seja própria do universo. Sintetizar é reunir elementos em um todo; compor. Ter uma visão holística do homem é tratá-lo em todas as dimensões do seu "Ser", corpo, alma e espírito, pois, é dessa forma que a palavra do Senhor o trata. O que os cristãos as vezes não percebem, é o fato de que a responsabilidade de amar às outras pessoas se estende à totalidade do "Ser". Ou seja, o homem é mais do que uma alma destinada para outro mundo; é também um corpo que vive neste mundo. E como residente desta continuidade do tempo e do espaço o homem tem necessidades físicas e sociais que não podem ser isoladas das necessidades espirituais. Logo, a fim de amar ao homem conforme ele é - o homem total - é necessário ter um solicitude acerca das suas necessidades sociais, bem como das necessidades espirituais. Parte do descuido do "homem total" tem sua origem na ênfase platônica não-cristã sobre a dualidade do homem. Esta ênfase foi digerida pelos cristãos da Idade Média e tem sido transmitida para o presente. Em essência, argumenta que o homem é essencialmente um ser espiritual e que apenas tem conexão funcional com um corpo que, na melhor das hipóteses, é um impedimento, e na pior, um grande mal. A correção desse erro é achada no ensino bíblico acerca da unidade essencial do homem, e da qualidade boa da criação física e corpórea, feita por Deus (Gn 1.31). Tanto a unidade do homem quanto a bondade do corpo ficam evidentes na doutrina cristã da ressurreição, fato este que é repugnante à mente grega (At 17.32). A ressurreição do corpo não faria bom senso se os homens fossem completos sem seu corpo. Do outro lado, se o homem é essencial e permanentemente um corpo com alma, neste caso a negligência de qualquer aspecto é um erro sério. Se o homem deve ser amado como homem, deve-se amá-lo conforme ele é (e conforme ele será) como criatura física e social, bem como espiritual. Até mesmo se alguém rejeitar as doutrinas da unidade do homem e da imortalidade do corpo, é miopia demonstrar preocupação somente com as dimensões espirituais da vida. Os homens nesta vida, pois, têm mesmo corpos, e não podem viver aqui sem eles. Se, portanto, devemos alcançá-los para o mundo do porvir - se vamos salvar suas "almas" - então isto deve ser realizado através dos corpos deles. Os corpos que estão morrendo de fome dificilmente ficarão impressionados com a mensagem acerca do pão da vida, se nós lhes recusamos o alimento para esta vida. Jesus alimentou a multidão faminta com o pão físico antes de pregar-lhes acerca do pão espiritual (Jo 6.11ss). Os homens não têm muita probabilidade de sentirem sede pela água da vida enquanto estiverem assoberbados pela sede física. Noutras palavras, se os cristãos não mostrarem nenhuma solicitude para com as necessidades físicas e sociais básicas dos homens, neste caso não poderão esperar uma resposta muito positiva da parte deles para sua mensagem espiritual.

A Missão Social da Igreja

A sociedade, hoje está cada vez mais multicultural e diversificada. Este fato empresta o colorido da diferença, sempre benéfico para uma construção mais rica da pessoa e da comunidade, por uma cosmovisão alargada, no desenvolvimento de uma atitude de compreensão empática pelo outro, qualquer que seja o seu CREDO, a sua COR ou o seu STATUS SOCIAL. Constitui um desafio. Porque a diferença também se revela nas problemáticas inerentes ao êxodo das populações, pela sobrelotação de uns espaços geográficos a custo da desertificação de outros e consequente diminuição das condições de vida, do emprego qualificado justamente remunerado, da habitação condigna, da igualdade de oportunidades e acréscimo da violência, da pobreza, da (des) educação e da desordem. Aumentam os desfavorecidos, os dependentes e os delinquentes. E cresce o desafio. A todos os que se encontram em situação de olhar com olhos de ver e sentir com o coração, que se dispoem a estender uma mão sem considerar o que vai trazer no regresso, que pensam que têm uma palavra a dizer, coloca-se uma escolha: a escolha de agir. A Igreja tem uma ação a tomar. A multiculturalização a par com a disseminação da tolerância que exige uma sociedade democrática, aberta a pensares diferentes sobre a crença, a vida e a moral mais do que como costume, como princípio, conduz a uma liberalização dos valores, ou deveria dizer, lassidão... que faz perigar o equilíbrio da própria sociedade e coloca em causa o futuro saudável da sua existência, uma vez que dessa mesma existência fazem parte integrante os valores. Aqui se encontra outro desafio. A Igreja tem uma palavra a dizer. O papel social da Igreja como garantia da conservação e implementação de valores éticos e morais. Na família. Pelo incentivo à construção de relacionamentos conjugais fortes, assentes no respeito mútuo e na mútua aceitação, no desenvolvimento de laços de amor e interdependência que privilegiem a partilha de um projeto de vida. Pelo ensino de uma paternidade responsável, encorajadora de uma geração que determina o futuro com solidez integridade e valor. Na educação. No ensino dos valores morais e espirituais, na construção do caráter, como meio de encontrar resposta às grandes questões da vida e suporte na decisão. Através da dinamização de grupos de jovens e de crianças, que aprendem a relacionar-se consigo, com Deus e com o outro ao tempo em que crescem e se divertem. Na intervenção. A Igreja tem uma palavra a dizer. Porque não tem apenas opinião, tem sólidas convicções, a Igreja não pode ficar calada quando assiste ao desmoronar do valor do indivíduo em si mesmo, pela perca dos seus valores e pela falta de conhecer o Criador, que tanto o valoriza, de uma forma pessoal. A Igreja tem de elevar a sua voz e gritar de todas as formas que a técnica já inventou a Sua mensagem, que é afinal, a mensagem de esperança e de amor que a sociedade necessita. O papel da Igreja no apoio social, o rosto visível de uma fé invisível. Aos desfavorecidos. As bolsas de pobreza num planeta em que a distribuição da riqueza é tão desigual, continuam a crescer. São vítimas da guerra (como em Angola), ou da falta de recursos naturais (como em Moçambique) mas morrem a cada segundo desidratados, desnutridos e doentes. O excesso de uns poderia acabar com a fome de outros. E os poderes político - econômicos poderiam fazer melhor redistribuirão, é verdade! Mas a falta de interesse destes não pode desculpar aqueles a quem Ele deu os recursos do Seu amor. A responsabilidade da Igreja neste campo é muito grande. A propósito de um episódio em que um discípulo sugeriu abençoar os pobres com o valor de um presente oferecido a Jesus, Este declarou: “Os pobres, sempre os tendes convosco...”. Esta é a verdade. Hoje temos muitos pobres conosco e muita oportunidade para abençoar alguns. Ministrar aos pobres é algo inerente à própria essência da igreja, porque é inerente ao amor e o amor é a razão de ser da igreja. E não é absolutamente necessário sair do nosso país, cidade, bairro, vila ou aldeia para encontrar desfavorecidos... basta abrir os olhos e o coração! Os dependentes. A autonomia é um privilégio querido pelo ser humano. Alguns já a perderam (ex. idosos), outros ainda não a adquiriram (ex.crianças). Sempre que essa é a situação, encontram-se vulneráveis, diminuídos na sua capacidade de auto - suficiência física ou emocional. Numa sociedade em que a pirâmide etária aponta para o envelhecimento da população como a nossa, esta é uma área de grande carência. A prestação de cuidados e transmissão de afeto podem fazer sorrir outra vez lábios cerrados pela tristeza e fazer nascer um raio de esperança num coração embotado pelo desilusão de uma velhice que se sonhava diferente e mais feliz. Também aqui a Igreja tem uma palavra a dizer... e muitas acções a fazer. Basta tomar a iniciativa de cuidar daqueles que na comunidade em que se insere se encontrem na situação de dependência, pela idade ou pela doença, movidos pela paixão e (com)paixão. Os delinquentes. São aqueles que preferíamos não ver mas que nos entram “pelos olhos a dentro” todos os dias, ao cruzarmos as ruas da terra em que habitamos. São aqueles que de uma ou de outra forma, por esta ou aquela razão, decidiram (ou talvez não!) desviar-se do caminho do comportamento esperado, saudável para si, para a família e para a sociedade. Revoltados e desesperançados arrastam-se pelos cantos do seu desespero em que, até parece, ás vezes a sociedade os quer manter. Gritam com vozes de silêncio no estender do braço que apodrece... Não se ouve, mas gritam e pedem socorro! A Igreja não pode ficar indiferente! Não pode simplesmente estender um dedo acusador por todas as más escolhas que fizeram vendendo-se ao álcool, á droga, ao sexo... A Igreja pode abrir a porta da confiança, o caminho da esperança para uma vida nova. A Igreja tem a resposta para o grito. Os que sofrem. Na sociedade deste século os sofrimentos emocionais e espirituais crescem em virtude das expectativas não alcançadas e do ritmo alucinante da vida. E há pessoas que sofrem. Sofrem por relacionamentos quebrados, por não se encontrarem, não se realizarem, não serem tão bem sucedidas nem tão competitivas... Precisam da Igreja. É também essa a sua vocação. Oferecer um ouvido que ouve em empatai e compreensão e que não julga... mas ajuda a encontrar caminhos para fora do sofrimento.

O MAU USO DA AUTORIDADE CONFERIDA

SAUL FOI UNGIDO REI DO POVO DE ISRAEL (1Sm 10.1). Não obstante as perseguições, Davi o respeitou como autoridade (1º Sm 24.6). Davi reconhecia a unção de Deus sobre Saul (1º Sm 24.10). O rei Saul, fazendo mau uso da sua autoridade , perseguia a Davi e aos seus homens, sem se importar com as conseqüências de sua atitude (1º Sm 18.18 e 1º Sm 19.10). A autoridade delegada ao rei Saul foi tornada sem efeito no momento em que ele fazendo mau uso, no tocante às devidas limitações com relação à autoridade do profeta ao tentar tomar o lugar deste (1º Sm 15.26). O REINADO DE ADONI-BEZEDEQUE “Adoni-Bezeque, porém, fugiu; mas o perseguiram e, prendendo-o, lhe cortaram os polegares das mãos e dos pés. Então, disse Adoni-Bezeque: Setenta reis, a quem haviam sido cortados os polegares das mãos e dos pés, apanhavam migalhas debaixo da minha mesa; assim como eu fiz, assim Deus me pagou. E o levaram a Jerusalém, e morreu ali” (Jz 1.6-7). A palavra Adoni é “Senhor” e Bezeque significa: “disseminação” ou “massificaçao”, podendo ser interpretada como uma distorção sutil e ao mesmo tempo grotesca do crescimento. Quando um líder, em nome do crescimento, idolatra um método de crescimento em detrimento dos princípios e da mensagem do Evangelho, ocorre-se o risco de engessar as pessoas dentro de um sistema ministerial rígido que boicota a singularidade, a diversidade e a convicção vocacional das pessoas, gerando um confinamento espiritual em massa. No contexto de Adoni-Bezedeque, o crescimento pode ser definido como uma “robotização” da membresia, que acontece como conseqüência da disseminação do espírito de controle e idolatria de uma liderança, transformando uma visão em uma “viseira.”. Cada pessoa no corpo de Cristo precisa ter a liberdade de se expressar na sua legítima identidade através da diversidade de dons, ministérios e diversidades de operações, sabendo que o Espírito é o mesmo, o Senhor é o mesmo e também é o mesmo Deus que opera em todos (1º Co 12.4-6). A mutilação do polegar. “... setenta reis, que tiveram seus polegares cortados....” Pessoas que fora, induzidas a se anular. Desta forma, nunca poderão ameaçar a autoridade do líder ou comprometer com o “sucesso” dele. Foram impiedosamente decepadas na sua identidade pelo espírito de egocentrismo e controle reinante. Abriram mão de quem elas são em Deus e se subordinaram a realizar uma outra pessoa sem também se sentirem realizadas. São chamados de filhos, mas não são tratados como filhos. Se viciaram numa mentalidade de escravos. Este padrão abusivo de liderança que opera pelo engano, produz frustração e esterelidade. No oficio sacerdotal, os polegares tem um significado relevante. São os pontos de contato da redenção (sangue) e da unção (óleo). A mutilação do polegar estabelece as conseqüências espirituais deste perfil controlador de autoridade. O dedo polegar da mão e o principal ícone da identidade. Todo líder controlador é traumatizador. O controle na liderança impede que as pessoas desenvolvam a sua identidade e convicções. O relacionamento será marcado por situações de stress, choques traumáticos de personalidade e retaliações impiedosas aos que discordam de uma virgula sequer. Os resultados são destruidores e a área atingida acaba sendo a identidade da pessoa. Sem o polegar dos pés, estes reis não podiam perseguir seus inimigos e muito menos fugir deles. Estavam literalmente imobilizados no campo da batalha. O dedo polegar é o dedo mais forte do pé, as pessoas passam a cambalear na vida. A capacidade de andar nos caminhos de Deus seguindo outros líderes que são autênticos seguidores de Cristo é mutilada. Esta mutilação produz ferida e marcas que alimentam uma rebelião crônica que desajusta as pessoas em relação a discernir e andar nas pegadas abertas pelo Filho de Deus. Um rei, sem o polegar das mãos, estaria simplesmente incapacitado para entesar o arco e segurar sua espada. Sem a firmeza necessária para golpear com suas armas, estes reis estavam neutralizados. O polegar é o dedo mais forte da mão que nos possibilita agarrar as promessas de Deus, manejando a Palavra do Espírito, combatendo o bom combate da fé. O polegar superior é, também, um símbolo de firmeza e perseverança ministerial. A mutilação do polegar se traduz espiritualmente numa debilidade ministerial crônica que pode aleijar o destino desta futura geração de líderes. Castrados na identidade e subtraídos da destreza de manejar a Palavra de Deus com integridade, revelação e coerência, muitos ministros tem perdido a mensagem pregando um evangelho cada vez mais humanista e inimigo da cruz de Cristo. Os cães de Adono-Benezer. “Então, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos” (Mt 15.26-27). Gostaria de traduzir, resumidamente, o terrível legado dos cananeus que foi de maneira interessante e muito sabiá confrontado por Jesus no famoso episódio da mulher siro-finícia (cananéia). Os cananeus eram descendentes de Canaã, filho de Cão, o qual descobriu a nudez de seu pai Noé quando este estava bêbado. Sendo desonrado pelo seu filho Cão, Noé amaldiçoa o filho deste, que era Canaã. Ou seja, o mesmo desprezo que Noé sentiu em relação ao seu filho Cão, Cão também sentiria em relação ao seu próprio filho Canaã. Portanto, a essência da maldição dos cananeus é uma disjunção geracional do princípio da autoridade. Este estigma de desonra e desprezo passou a seguir as sucessivas gerações de Canaã. O famoso ditado hebraico advertindo sobre não lançar pérolas aos cães e aos porcos estava contextualizando com a constante insubmissão e dureza dos povos cananeus em relação ao governo do Deus de Israel. Sob esta ótica, podemos ter uma perspectiva melhor acerca de Adoni-Bezeque que foi um dos mais terríveis reis da terra de Canaã, que por fim foi tratado da mesma forma como tratou aqueles reis que viviam debaixo da sua mesa. Ele mesmo disse: “.... assim como eu fiz, assim Deus me pagou” (Jz 1.6-7). Inspirado pela forma como Israel julgou Adoni-Bezeque, Jesus, estranhamente, tratou a mulher cananéia, confrontando este mesmo principado maligno que agia entre os cananeus, promovendo um relacionamento com o principado de autoridade do tipo “dono e cachorro”. Era exatamente desta maneira arrogante e controladora, que o famoso rei cananeu Adoni-Bezeque tratava aqueles setenta reis. Isto pode parecer um pouco forte, mas reflete a verdade sobre a forma como alguns líderes relacionam-se com seus discípulos. O sintoma da infiltração deste espírito pode ser discernido quando o sucesso do líder baseia-se no rebaixamento dos libertados. Na verdade alguns Adoni-Bezedeque cortam os dedos de seus liderados interpretando uma ameaça. A insegurança e o ciúme privam o líder de formar um outro líder que o supere, comprometendo gravemente a nova safra de líderes e o futuro da igreja. Pessoas rebaixadas na sua suficiência e autonomia. “... apanhavam migalhas...”. São pessoas que, também, nunca poderão estar espiritualmente á altura do seu líder. Jamais estarão à mesa em pé de igualdade sendo respeitadas na sua maturidade ou expostos à grandes oportunidades. São privados e até impedidos de aprender de outras fontes. Sempre terão que viver das migalhas. Pessoas rebaixadas na sua dignidade. “... debaixo da minha mesa...”. A mesa do líder, ou seja, seu sucesso medíocre e egocêntrico é o teto que nunca poderá ser ultrapassado pelos discípulos. Uma atitude franca de superioridade serve para que se intimidem e permaneçam numa postura ministerial de dependência e inferioridade. Sendo tratados com inferioridade, são inspirados a desenvolver o mesmo espírito mutilador de liderança. Identificando o espírito de Adoni-Bezeque. Na verdade, Adonai-Bezeque e uma tipologia de um espírito de liderança tirano e controlador. Toda pessoa controladora é essencialmente insegura e usa a posição de liderança para compensar suas feridas e frustrações. Inspirados nestes textos podemos alistar algumas características deste perfil maligno de autoridade: É o líder que quer todos aos seus pés como cachorrinhos e anões. Ele não investe na liderança das pessoas. Ele prende as pessoas a ele limitando e até mesmo cortando o polegar, ou seja, o potencial delas. Ele não compartilha o que ele tem recebido com as pessoas. Na verdade, as pessoas passam a viver das migalhas que caem da sua mesa. Sua motivação não é abençoar, mas estar por cima. É o líder que se coloca com “rei” e não como servo. Sua motivação é apenas ser servido. Frequentemente usa a posição e o título que possuí como arma para se impor. É o líder que faz seus discípulos súditos e não amigos. Exige dos discípulos uma submissão doentia e possessiva que desrespeita a individualidade, agride a liberdade e abate a auto-estima. É importante pensar nestes setentas reis mutilados em contraste com os setentas discípulos que Jesus enviou para o campo. Adonai-Bezeque é um principado que se levanta para mutilar a vida ministerial da emergente geração de líderes. Entra a miséria espiritual. Estes reis vivem de migalhas. Pessoas mutiladas na identidade, perdem o equilíbrio, a firmeza e o espírito empreendedor. Ao invés de serem liderados para o seu destino em Deus, ficam debaixo da mesa, postados numa situação espiritual de subjugamento. Tudo isto, muitas vezes em nome da “submissão”, que servem de pretexto para a imposição deste principado. Audição mutilada. No contexto eclesiástico existe uma certa tendência do líder assumir a posição do Espírito Santo na vida das pessoas. Esta tem sido uma terrível herança imposta pela igreja Católica Romana onde “a voz do Papa é a voz de Deus”, visto que este é tido como infalível. O aspecto que desejo enfatizar é que este tipo de conduta no discipulado conspira contra a responsabilidade pessoal e vital de conhecer a Deus e aprender dEle. Na ditadura evangélica, atônica na propagação do Evangelho não é buscar o conselho de Deus, mas se fundamenta na opinião irredutível do líder. É quando a voz do pastor está acima da voz de Deus. Neste caso cria-se na cadeia de comando uma ligação espiritual entre almas baseadas na superioridade do líder e não na dependência divina. Isto é muito sutil e pode acontecer com líderes bem intencionados, porem mal orientados. Quando o líder sonega ao discípulo o direito e o dever de discernir pessoalmente a voz de Deus, a liberdade em Cristo é abafada por espírito de controle. O aspecto mais relevante do espírito de Jezabel é que ele não apenas odeia o ministério profético, mas odeia, na verdade, a voz de Deus. Este tipo de distorção castra a audição espiritual da Igreja, produzindo surdez na vida dos discípulos. Uma deficiência na audição tem como efeito colateral uma deficiência na fala, inibindo a fé, emudecendo o ministério profético, decepando a criatividade e as novas iniciativas do ministério apostólico. Desta forma, multiplicamos uma igreja formada por surdos-mudos, sujeita a todo tipo de corrupção, onde a voz de Deus não é ouvida e nem proferida. “Não havendo profecia (Palavra profética) o povo se corrompe” (Pr 29.18). Nesta brecha entra um espírito de religiosidade sacramentando ritos e práticas que aparentam espiritualidade, mas que na verdade renegam a intimidade com Deus. Sem a voz de Deus inspirando e dirigindo a vida devocional de cada pessoa, celebra-se o funeral da Igreja. O ESQUEMA JEZABEL “Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele. Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou. Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria” (1º Rs 16.30-32). A história de Jesabel na Bíblia começa quando um rei de Israel chamado Acabe, num ato de jugo desigual a desposa. Jezabel era filha de Etbaal, rei de Sidom, uma nação considerada inimiga de Israel. Jezabel não só era adoradora de Baal, como também tornou-se a maior responsável pela expansão do seu culto na sua geração. Acabe era um líder espiritual volúvel e de caráter fraco. Influenciado por sua esposa, começou também a adorar a Baal, levando a nação à idolatria. De posse de uma posição estratégica (esposa do rei), procurando manter-se no controle, Jezabel investe contra a única coisa que poderia ameaçá-la: a voz de Deus. Assim sendo, começou a perseguir os verdadeiros profetas. Muitos foram literalmente mortos e mais de sete mil refugiam-se. Assim como Adoni Bezeque se levanta contra o ministério apostólico, Jezabel ataca o ministério profético. Quando as pessoas não têm mais liberdade de ouvir a voz de Deus é sinal que Jezabel está por perto. Discernindo o perfil de Jezabel. “Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras” (Ap 2.20-23). Como vemos, o próprio Jesus confrontou este espírito que residia na igreja em Taitira. No V. T., Jezabel era literalmente uma mulher, de carne e sangue, mas no N. T., primeiramente ela é revelada nosso Evangelhos através dos Herodias, um título imperial que demonstra seu poder de imposição e intimidação e depois no livro de Apocalipse ela aparece como um espírito infiltrado na igreja, usando técnica que iam desde o misticismo (falsas profecias até a imoralidade). O objetivo é seduzir impiedosamente líderes e leigos a ficar a disposição de seus interesse. Lógico que ela não vai revelar isto claramente, antes vai ensinar que eles estão fazendo a “vontade de Deus” para as pessoas através de seus ensinos sedutores e suas profecias controladoras. Sua principal estratégia de manipulação é a religiosidade. Ela defende ferozmente seu pequeno reino e fomenta uma dependência extremada nos seus seguidores. Uma das principais características de Jezabel é que quando ela é confrontada desenvolve um ódio destruidor da pessoa que a confrontou. Suas reuniões são, na verdade, encontros de manipulação e “feitiçaria religiosa”, mas naturalmente, Jezabel vai disfarçando a verdadeira natureza destas reuniões, e disseminado seus ensinos.